Isolamento social, falta de apetite e alteração no ritmo de vida, muitas vezes, não são vistos como sinais de alerta de depressão. Por isso, o Centro de Pesquisas Oncológicas Dr. Alfredo Daura Jorge (CEPON), referência no tratamento oncológico em Santa Catarina, realizou na manhã de hoje atividades para conscientizar os colaboradores sobre a importância da prevenção ao suicídio.
A campanha de conscientização do “Setembro Amarelo” promovida pelo serviço de psicologia do CEPON contou com a palestra "Setembro Amarelo: Falar é a melhor opção", ministrada pelo voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV) José Vilela.
Vilela afirmou que a escuta ativa é um dos gêneros de primeira necessidade, um acolhimento e um apoio emocional à prevenção ao suicídio, sem julgar e sem criticar. “Na medida que eu coloco os meus sentimentos para fora, eu esvazio um pouco o meu copo. Eu divido com alguém o que está me incomodando e alivio um pouco a pressão ”, aponta Vilela.
De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019, são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados, pois com isso, estima-se mais de 1 milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia.
Segundo o médico ortopedista, Dr. Paulo Kechele, o suicídio é o querer se esvaziar de si mesmo. Não existe um só motivo para a dor. O suicídio é um fenômeno multifatorial, que ocorre como consequência de uma doença psíquica. O médico ressalta que o pensamento suicida é frequente entre pacientes oncológicos e por isso é extremamente necessário observar os sinais. “Isolamento social, perda de apetite, apatia, respostas monossilábicas, falta de interação e alteração de ritmo de vida, como dormir muito durante o dia inteiro e não ter sono a noite são sinais de alerta”, informa o profissional.
Para a coordenadora do evento e psicóloga do CEPON, Estefânia Rosa, o suicídio é uma questão de saúde pública e trazer acolhimento e informação é essencial para os colaboradores do Centro, uma vez que lidam com a dor cotidianamente. O evento alertou sobre a importância de falar abertamente sobre o tema, desmistificar tabus relacionados à saúde mental e oferecer apoio às pessoas que estão enfrentando crises emocionais.
A pessoa com pensamentos suicidas não deve ignorar nem minimizar o próprio sofrimento. Falar abertamente sobre o tema é um dos maiores fatores de proteção ao suicídio. O CVV desenvolve um trabalho voluntário de apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo gratuitamente e sob total sigilo as pessoas que querem conversar. O atendimento é oferecido 24 horas, por telefone- pelo número 188.
“Patas do bem”: amor sem medidas
A programação contou ainda com a presença dos cachorros do projeto “Patas do Bem”. A atividade assistida por cães no CEPON tem o objetivo de trazer a toda equipe multiprofissional e aos pacientes, amor, proximidade com o lar e novos pensamentos. Para a terapeuta ocupacional do CEPON, Gabriela Ferreira, a presença dos animais estimula a movimentação e desfoca o sentimento de dor. A presidente da ONG Patas do Bem Animais de Terapia, Cintya Mortari, ressalta o carinho de todos pelos animais e os feedbacks recebidos sobre os benefícios. “A gente recebe mensagens agradecendo pela visita e nos informando sobre melhorias de quadros dos pacientes e dos colaboradores.O cão demonstra afeto, um amor puro, sem julgamento, independente da condição de cada pessoa.”
Plantando Esperança
Fechando a programação do evento, os colaboradores receberam sementes de girassol para o plantio no jardim do CEPON. “A ação busca trazer mais beleza ao espaço e a representação de luz para todos”, informou a presidente da Avoc, Claudia Amêndola. “O girassol é o símbolo da campanha “Setembro Amarelo”. É uma flor que busca luz, assim como a prevenção da vida. Evitando a escuridão e esmerando saúde mental e qualidade de vida!”, acrescentou a psicóloga Estefânia Rosa.
Michelle Valle
Jornalista CEPON